Resolvi
me filiar a um partido comunista, entenda a verdadeira razão:
Decidi me
filiar a um partido comunista. Depois de muito relutar, cheguei a
conclusão que devo contribuir, por uma razão de obrigação moral,
com a política e exercer minha cidadania.
Ainda não
decidi qual será o partido, talvez o PSOL, PCdoB, PSTU, PCB ou PT,
mas, desde já, peço seu voto, caso um dia me veja na propaganda
eleitoral.
Meu
projeto de governo é muito simples: eu assevero que, no máximo em
250 anos, vou trazer o paraíso para a Terra. Tudo que peço em troca
é um pouco de paciência, pois você há de convir que não se trata
de uma tarefa simples. Talvez eu precise restringir seus direitos
fundamentais, tais como mitigar o princípio da legalidade, a livre
manifestação de pensamento, liberdade de consciência, intimidade,
vida privada.
Em
relação ao direito a propriedade, não posso prometer que vai ser
garantido, mas caso seja, só se atingir a função social. O que é
função social da propriedade? É um conceito bem aberto e prometo
que será delineado no caso concreto, de forma isenta, ad hoc
e post factum, por magistrados comprometidos com nossa causa!
Advirto,
desde já, que, para dirimir eventuais omissões do novo ordenamento
jurídico-comunista, poderei precisar criar um Tribunal de Exceção,
mas garanto que será pautado no bem da coletividade em detrimento do
indivíduo.
Há
outras importantes ressalvas que devo fazer: talvez eu precise
privar opositores dos seus direitos por motivo de convicção
filósofica ou política, talvez eu precise criar um tipo penal do
nada, por uma portaria ou decreto, se algum opositor fizer algo que
eu não goste. Se for opositor, mesmo se já civilmente identificado,
será necessário proceder a identificação criminal...
É
possível, na realidade quase inevitável, que haja uma grande crise
produtiva nos primeiros anos, nos quais estaremos nos adaptando e
alguns milhões de pessoas morram de fome, mas, como disse Lênin: “É
preciso dar um passo para trás, para dar dois passos para frente.”.
Talvez ocorra o que acabou de acontecer em 2013 na Venezuela: falta
de papel higiênico, mas vou plantar mandar plantar muitas urtigas.
Por fim,
talvez eu precise violar domicílios, cartas, comunicações
telefônicas, telemáticas. Talvez precise matar alguns opositores,
mas tudo em prol do paraíso que lhe assevero que teremos, em, no
máximo, 250 anos. Talvez você já não esteja mais vivo, mas pense
sempre no coletivo, nas gerações vindouras. Não seja egoísta!
Como
tenho tanta certeza que, em no máximo 250 anos, conseguirei trazer o
paraíso para a terra? Simples: nunca parou para pensar que o pessoal
da Babilônia sabia explicar, melhor que nós hoje em dia, a
influência dos astros em fenômenos do nosso dia a dia? Acha mesmo
que tudo isso se perdeu? Eu detenho um conhecimento gnóstico que foi
mantido em segredo por sociedades secretas, desde a Mesopotâmia e
Egito Antigo, repassado apenas paulatinamente para os iniciados de
grandes mestres como Aleister Crowley, Anton LaVey, Helena P.
Blavatsky, Eliphas Levi, Alice Bailey, Manly P. Hall, David Spangler,
Benjamin Creme, Albert Pike e outros, conforme evoluem de grau em
grau, que será capaz de aniquilar o pérfido demiurgo que comanda
este mundo. Conhecimento é poder. Acha mesmo que quem detem o poder
iria querer passar o poder para qualquer um?
Como
diria o Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgina Mufunga: “Aguarde
e confie!”
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